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terça-feira, 16 de julho de 2013

WOLFGANG GOETHE Por Nicéas Romeo Zanchett


JOHANN WOLFGANG VON GOETHE 
Por Nicéas Romeo Zanchett 
                  Johann Wolfgang Von Goethe, nasceu em Frankfurt à 28 de Agosto de 1749.
                 Em meados do século XVII, Frankfurt era uma cidade romântica, com telhados róseos, jardins cercados de grades  vistosas e patamares nas casas. Tudo isso dava às ruas residenciais aspectos atraentes, embora um pouco austeros e sombrios. 
                 Certo dia, quando tudo era sossego na velha travessa da Caverna do Cervo, começaram, inesperadamente, a cair vasilhas pela janela de uma casa para o chão. Por trás de outra janela ouviam-se as palmas de alguns garotos e umas vozes de crianças animadas que gritavam: 
                 - Mais! Jogue mais!
                 A princípio eram pequeninas jarras, púcaros e pratinhos de brinquedo. Mas, depois, o estrépito de louças, que se estilhaçavam nas pedras do calçamento, se tornou maior, pois começaram a cair  pratos grandes, de porcelanas luxuosas. 
                 Para as crianças, que a tudo assistiam, a chuva de vasilhames que se tornavam cacos e estilhaços era motivo de festa e alegria. 
                 De repente, ouviram-se umas expressões de assombro, uns gritos de espanto: 
                 - Meu Deus! Que é isso menino? Que fazes, Wolfgang!  Para! Pare com isso!
                 O alegre e entusiasmado menino, que estava jogando louças pela janela, era o pequeno Wolfgang Goethe. Havia ele de ser o nome do mais célebre dos petas alemães.  Naquele tempo, tinha apenas dois anos de idade. Mas já se fazia conhecido por causa daquela ruidosa  travessura, cujos estridores eram aplaudidos por seu público, por sua assistência, composta pelos pequenos Ochsentein, uns garotos seus vizinhos.  
                  As expressões de espanto e os gritos eram vozes de sua mãe - Catarina Isabel Textor - mulher inteligente, bondosa e bela, que tão grande influência teve na formação espiritual do filho. 
                  Goethe, desde seu nascimento, esteve sob a ação de duas benéficas forças morais: seu pai, jurisconsulto e conselheiro imperial, que lhe deu o espírito de ordem e amor para com os estudos, e sua mãe, muito mais moça que o esposo e, por isso mesmo, constante companheira de Wolfgang nos brinquedos e ocupações sérias. 
                  Na idade em que, em geral, os meninos apenas mal sabem ler, o velho cavalheiro João Gaspar Goethe tomava o filho pela mão, levava-o até seu escritório e dizia-lhe: 
                  - Agora vamos estudar. 
                  A mãe, por sua vez, o mantinha, noutras ocasiões, no saguão da casa, e, enquanto cosia ou bordava, ia contando lindas histórias de fadas e príncipes encantados para o filho. 
                  O inteligente menino a tudo escutava com muita atenção. Quando chegava ao ponto mais interessante da história e o garotinho já extravasava, pelos olhos brilhantes, a sua curiosidade, a meiga senhora interrompia a narrativa e dizia: 
                   - Imagine você, agora, o que aconteceu depois, e conte-me direitinho aquilo que pensou...
                   Era um modo muito interessante de estimular a precoce inteligência do filho, como se aquela mulher estivesse adivinhando o belo futuro a que Goethe estava destinado.
                   Com tão excelente e amorosa professora, o pequeno adquiriu desde logo, naturalmente, um sentimento tão claro e profundo do belo que não sabia suportar o que era feio. Assim, ficava contrariado e aborrecido diante de tudo que não fosse bonito, ou não estivesse em ordem.
                   Apesar dos grandes esforços do pai para encaminhá-lo nos estudos jurídicos - o menino Goethe demonstrou, desde cedo uma grande vocação para as belas artes, especialmente a literatura ou a arte de escrever.  Dos estudos preferidos pelo pai, só se dedicou, com resultados brilhantes, ao de línguas, graças a dotes especiais, que o distinguiam extraordinariamente. 
                   Ainda bem criança, um dia deixou a mãe admiradíssima, quando lhe entregou, na hora que costumava ser reservada para brincar,  um caderninho. 
                  - Olhe, mamãe! Escrevi uma bonita novela!...
                  - Meu filho!... Você mesmo a compôs?
                  Aquela pequena história - a primeira obra do grande escritor em formação - apresentava uma notável e bem rara particularidade: seus personagens eram sete e cada um deles se expressava numa língua. Goethe, aquela criança, conhecia sete idiomas; era já um poliglota! 
                  Antes de tudo, Wolfgang Goethe era um perfeito e admirável narrador de contos. Era isso o que causava o maior prazer e entusiasmo aos seus pequenos ouvintes. Com apenas oito anos, era ele uma delicioso e magnífico narrador. Tinha uma originalidade quando contava aos seus companheiros uma história qualquer: falava na primeira pessoa - eu - como se o que ia contando tivesse acontecido com ele mesmo. 
                  As histórias surgiam como feixes de luz brotando do seu brilhante cérebro. Sem dúvida, eram os frutos da boa influência materna. Os pequenos contos, que ouvia da dedicada mãe, aguçavam sua criatividade e lhe sugeriam outros, bem variados e talvez mais belos. 
                 De um desses contos o próprio Goethe deixou uma cópia em suas "Memórias". Intitulava-se "O novo Paris" e assim  começa: 
                 - "Outro dia, na noite do domingo de Páscoa de Pentecostes, sonhei que estava diante de um espelho, olhando minha nova roupa de verão, que meus pais me haviam dado para a festa. Como sabem, o traje constava de sapatos pretos, com grandes fivelas de prata, meias finas de algodão, calça preta de sarja e casaco verde, com botões dourados..."
                  Este pequeno trecho nos mostra como seu precoce talento era singelo e atraente pelo estilo descritivo. Já estava formado desde os seus mais tenros anos.
                  Ainda com pouca idade, frequentava a escola. Era lá que ele reunia todo o seu auditório infantil, para contar as mais fantásticas histórias.  À saída das aulas, acontecia um alegre burburinho de crianças, que deixavam a escola como um bando de passarinhos em plena liberdade. Então os colegas gritavam: - Wolfgang, venha Wolfgang! 
                  Esse fato dá uma ideia da simpatia e amizade que Goethe despertava no companheiros. O menino, além da precocidade da inteligência  e da facilidade da imaginação, que lhe permitiam compor versos e pequenas histórias, que os outros ouviam com grande admiração e reconhecimento. Sem dúvida, tinha autoridade sobre os colegas, mesmo os de mais idade, e um modo tão garboso que, segundo afirma Betina Brentano, sempre se distinguia  brilhantemente dos outros. 
                   À hora barulhenta da saída da escola, com seus companheiros em alvoroço, a figura de Wolfgang, serena e altaneira, era imediatamente admirada por todos. Prontamente o apontavam as mães que iam buscar os filhos, dizendo: - Olhem! Agora está saindo o filho do Conselheiro. 

                   A primeira afirmação pública de que Goethe era um autêntico poeta, muito superior aos poetas contemporâneos, foi feita por um auditório de crianças.
                  O garoto havia principado a escrever uns singelos e primorosos versos, muito aplaudidos nas reuniões familiares domingueiras. Muitos de seus companheiros de brincadeiras e colegas da escola  não acreditavam que fosse ele o autor. Um amigo, sabendo disso, inteirado dessas dúvidas, disse  a Goethe: 
                  - Estão falando isso e aquilo a seu respeito... 
                  Mas Goethe respondeu: 
                  - Não me importa  que duvidem! Podem falar de mim o que quiserem .. Eu escrevo meus versos e todos nós nos distraímos com eles. Os outros que façam, em vez de versos, o que preferirem, até mesmo suas travessuras!... 
                  Seu amigo era teimoso e tinha grande afeto a Wolfgang. Por isso, insistia com ele:
                  - Não podemos deixar as coisas assim!
                  Um dia, encontraram-se com alguns dos meninos que duvidavam de Goethe. Seu amigo chamou um deles e disse: 
                  - Aqui está o autor dos versos que eu li para vocês ouvirem. Os versos que vocês pensam que foram escrito por outro! 
                 Um dos rapazes, diplomaticamente, procurou justificar-se: 
                 - Não me leva a mal. Se é inteligente. Afinal, nós lhe demos a honra de afirmar que, para escrever versos assim, tão bonitos, o autor precisa ter conhecimento muito superiores aos nossos!... 
                 O amigo de Goethe não se contentou com a tal justificativa. E teimou com o outro: 
                  - Nada custa, convencê-los da verdade. Deem-lhe um tema, um assunto qualquer, e verão se Wolfgang, de improviso, não será capaz de escrever sobre ele, aqui mesmo e já!...
                  Goethe se mantinha calado. 
                  O que duvidava propôs que Wolfgang escrevesse em versos uma carta, cujo assunto apresentou então. 
                  Foi aí que Wolfgang exclamou:
                  - Isso é fácil. Querem ver? 
                  Ali mesmo, sentado num banco, gastando apenas alguns minutos, escreveu a carta em versos...
                  O fato causou tamanha admiração, que os meninos, convencidos, o proclamaram "poeta de verdade". 
 Quando os soldados franceses ocuparam Frankfurt, durante a guerra franco-prussiana, o poeta estava apenas com onze anos de idade. O conde Thorenc, chefe  das tropas invasoras, hospedou-se em casa de Goethe. Ela era um militar muito distinto, admirador das belas-artes. Por isso as protegeu durante sua permanência naquela cidade alemã. Apesar de ser representante da nação inimiga, fez amizade com os pais de Goethe por suas nobres maneiras e com o salvo-conduto da arte. 
                   Um dia, o hospede pediu aos pais de Goethe: 
                   - Gostaria que me permitissem levar Wolfgang ao teatro. Estão sendo levadas à cena ótimas peças, magníficas representações. O menino terá muito que lucrar, assistindo-as. 
                   Essas representações, patrocinadas pelo conde Thorenc, eram de comédias francesas. Graças a esses espetáculos e às explicações do conde, pode Wolfgang sentir-se muito inclinado para esse gênero de literatura. 
                   Não tardou para que a influência do teatro se manifestasse no espírito criativo do menino.  Poucos meses após, escreveu uma pequena comédia, a primeira de sua vida, muito parecida com as do teatro francês. 

                    Aos dezesseis anos, já autor de poesias, contos, novelas e peças teatrais, houve em sua triunfante carreira uma nova profissão de fé, agora definitiva. Seu pai, que ainda não havia desistido da intenção de formá-lo jurisconsulto, tal como ele, enviou-o a Leipzig para seguir o curso de Direito na Universidade. Ia recomendado a um famoso professor, o senhor Bohme. Seu primeiro encontro com este foi assim: 
                   - Você é filho de um ilustre jurista muito meu amigo. Terei, portanto, muito prazer de guiá-lo pelo difícil caminho das leis, meu caro jovem! 
                    - Com todo o meu respeito, senhor professor, quero comunicar-lhe que minha intenção não é dedicar-me às leis, e sim à literatura. 
                    - Então, porque você veio aqui? 
                    - Por obediência ao capricho de meu pai!...
                    O professor, acreditando que ali estava apenas um aluno desorientado, fez  o possível, primeiro para dissuadi-lo daquele propósito, e depois para corrigir-lhe os erros, os desacertos da conduta. Não obstante, o que conseguiu foi contraproducente: Wolfgang, desgostoso, começou a viver com dissipação e irregularidade. Tornou-se boêmio. Passados três anos, ao voltar para a casa paterna, em vista da inutilidade dos esforços do pai, lá apareceu cheio de novas ilusões literárias, mas sem o diploma tão sonhado pelo austero pai. 
                    De algum modo, porém, deve fazer-se justiça ao severo professor Bohme e ser-lhe grata a humanidade: durante o tempo em que Goethe esteve sob sua influência, começou a acostumar-se a transformar em poesia tudo quanto lhe causava desgosto e sofrimento ou alegria e gozo. Daí provém a serenidade de espírito, que impregnava sua obra literária. 
                   Goethe faleceu, aos 82 anos,  em Weimar à 22 de Março de 1832.
                   Seu trabalho continua encantando todos que tem a oportunidade de conhecer. 
Nicéas Romeo Zanchett 

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                       Muitos pais querem que seus filhos conquistem o sucesso que eles sempre desejaram. Mas isso é um erro gravíssimo. Cada ser humano é diferente dos demais e só será feliz fazendo aquilo para o qual tem vocação. 
Nicéas Romeo Zanchett 



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