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domingo, 26 de junho de 2011

O CELIBATO CLERICAL - ABSTINÊNCIA SEXUAL

                                   O CELIBATO CLERICAL - ABSTINÊNCIA SEXUAL
O celibato já existia no século I, entre os eremitas e monges. Naquela época  era considerado um estilo de vida opcional, alternativo. Foram os políticos medievais que deram origem à disciplina do celibato clerical obrigatório.
O primeiro celibato obrigatório da Igreja Católica foi decretado pelo Concílio de Elvira (295 x 302). Elvira era uma simples província romana e por isso essa decisão não foi cumprida por toda a Igreja.  Já o Concílio de Nicéia (323), do Imperador Constantino, decretou que "todos os membros do clero estão proibidos de morar com qualquer mulher, com exceção da mãe, irmã ou tia".
Foi no ano 313 d.C. que o imperador romano Constantino legalizou o cristianismo dentro do império e, dando continuidade a seu plano de poder, construiu muitos templos e igrejas permitindo assim o seu crescimento em grande escala. Com a legalização, no ano 380 d.C. sob o governo de Teodósio, a igreja primitiva mudou de um grupo de pequenas comunidades perseguidas na fé para um poder mundial.
Com o cristianismo sendo a religião oficial do Império Romano, muitas coisas mudaram  para os cristãos. Seus líderes deixaram de se esconder e passaram a receber pagamento pelos seus trabalhos eclesiásticos com privilégios especiais na sociedade romana. Esses privilégios atraíram os membros da elite que eram homens treinados na vida política.  Foi então que surgiram os primeiros padres sem nenhum embasamento bíblico. Com a elite política usufruindo das benesses da igreja institucional, emergiu uma espécie de imitação do governo romano dentro da Igreja Católica.  Governantes e súditos começaram a substituir as pequenas comunidades embasadas na família, as quais eram servidas por um sacerdócio  local casado. Com o passar dos anos os novos padres romanos agiram, nas pequenas comunidades, no sentido de retirar a autoridade dos padres que eram casados a fim de consolidar o poder político ao seu redor.  Com a assistência do império romano, a liderança da igreja tornou-se uma hierarquia afastada das origens familiares. Criou-se a mentalidade de que essa classe governante estava acima do povo e que eram representantes oficiais de Deus na terra.
Com o passar dos anos diversas mudanças aconteceram retirando os direitos do povo  em favor dos políticos romanos. Istituiu-se a prática de que somente homens tivessem autoridade institucional. A Igreja Romana  desviou-se  dos costumes incentivados pelo  Senhor Jesus Cristo, que sempre exaltava o papel da mulher na família e na sociedade. Elas tiveram sua condição rebaixada e assim criou-se o celibato clerical.  O celibato passou a ser defendido como essencial,  uma vez que celibatários eram mais livres e disponíveis. Com o tempo o novo clero regular foi se destacando em relação ao clero secular familiar. Mas nas "Sagradas Escrituras" não há nenhuma determinação a esse respeito.
Ao longo do tempo, para ampliar poderes políticos e econômicos, o celibato adquiriu o status de  espiritualidade especial, começando a denegrir a santidade matrimonial e a vida familiar. A antiga prática romana de abster-se das relações conjugais, para conservar energia  antes de uma batalha ou de um evento esportivo, enconctrou seu caminho na prática  litúrgica. Aos padres casados foi ordenado absterem-se de intimidade sexual com suas esposas na véspera da celebração das missas. O celibato tornou-se outra oportunidade política nas mãos dos padres e bispos ambiciosos. Os oportunistas, que eram celibatários, usavam sua condição como ferramenta no sentido de diminuir a influência dos padres casados criando desconfianças sobre suas reais abstinências sexuais.  Com essa nova atitude negativa em direção às mulheres, a abstinência sexual começou a emergir na hierarquia, a qual se colocou em árduo contraste à saudável perspectiva familiar pregada por Cristo, que era objetivo central da igreja primitiva.  O celibato foi então estabelecido
 como o mais elevado estado de santidade e conseqüente supressão do sacerdócio casado. 
No ano 366, o Papa Damásio começou a perseguir o sacerdócio casado quando declarou que os padres podiam continuar a casar, porém ficavam proibidos de fazer amor com suas esposas. Tanto os padres como o povo regeitaram essa nova lei.
No ano 385, o Papa Sirício abandonou a própria esposa e os filhos a fim de ascender à posição papal.  Ao subir ao poder, imediatamente decretou que nenhum dos padres poderia mais continuar casado, porém, até hoje, não conseguiu obediência à sua lei.
Essa preocupação desmedida com a sexualidade clerical sempre foi contrária às relações  normais do ser humano e fora do andamento natural da vida, conforme reconhecido por todas as religiões e seitas como algo estabelecido por Deus.
No ano 401, Santo Agostinho escreveu: "Nada tão poderoso para neutralizar o espírito de um homem como a carícia de uma mulher".
A crescente atitude contra a sexualidade e as mulheres foi a odiosa forma encontrada para controlar os aspectos íntimos da vida das pessoas e essa prática prossegue até os nossos dias.
Não foi por obediência às "Escrituras", mas por conveniência política que a Igreja Católica Romana se colocou contra o divórcio. A hierarquia da igreja medieval estava em luta com muitas monarquias e famílias reais através da Europa. Com a capacidade de controlar os casamentos reais, a igreja percebeu que poderia influenciar as alianças políticas e manipular os assuntos de Estado. Proibiu o divórcio e um segundo casamento, e quem não observasse suas novas ordens seria punido com a privação de sacramentos da instituição.
No século XI, os ataques contra os padres casados aumentaram de intensidade. Em 1074, o Papa Gregório VII legislou que qualquer homem que fosse ordenado padre deveria, antes, declarar o celibato. Prosseguindo seus ataques contra as mulheres e à sexualidade, Gregório declarou publicamente que "a Igreja não pode escapar das garras do laicato, a não ser que padres escapem das garras de suas esposas".
Em 1095 houve uma escalada de violência contra os padres casados e suas famílias. O Papa Urbano II ordenou que os padres casados que ignorassem a lei do celibato fossem aprisionados para o bem de suas almas. Em seguida ordenou que as esposas e seus filhos fossem vendidos como escravos, que os bens da família fossem desapropriados, e que o diheiro apurado fosse levado aos cofres da Igreja.
Os esforços para consolidar o poder na hierarquia medieval com a desapropriação dos bens e das terras das famílias dos padres casados alcançaram o ápice em 1139.
O celibato clerical foi definitivamente oficializado, com legislação específica, no Concílio de Latrão, sob o papado de Inocêncio II. A motivação das leis foi adquirir terras, com desapropriações,  em toda a Europa, fortalecendo assim o poder do papado e da Igreja.
Usando uma linguagem convincente, a lei do celibato falava em pureza e santidade, mas o seu verdadeiro objetivo era consolidar o controle sobre o clero mais baixo e eliminar qualquer confrontação aos objetivos políticos na hierarquia medieval. Com isso a respeitável tradição do sacerdócio casado foi virtualmente diluida pelo celibato forçado.
A maioria dos atuais problemas em relação à vida sexual dos padres e bispos, casados ou não, tem origem no passado histórico da igreja. Nos últimos anos, mais de 100.000 padres católicos, no mundo inteiro, casaram e continuaram a praticar discretamente o sacerdócio. Nos Estados Unidos, atualmente, em cada três padres um é casado e esse número continua crescendo. É interessante observar que esses novos padres praticam  um sacerdócio com uma compaixão mais profunda pelas pessoas e não as consideram seres inferiores ao clero. Os padres casados entendem as necessidades especiais dos católicos divorciados que desejam contrair um segundo matrimônio com cerimônias cristãs. Principalmente as mulheres se mostram profundamente comovidas pela honestidade e respeito demonstrados por esses padres às suas esposas e pela sensibilidade que demonstram diante dos problemas femininos.
Uma pesquisa recente, feita nos Estados Unidos, indicou que 70% dos americanos aprovam o casamento dos padres. Entretanto, o Vaticano continua irreversível. Quando um padre celibatário resolve casar, não lhe é dada opção alguma que não seja a de assinar enorme quantidade de papeis dizendo que não tem vocação para o sacerdócio, que é psicologicamente instável e moralmente fraco. Um verdadeiro retrocesso aos hábitos medievais.
Cada lei celibatária é referida como Cânon. O Cânon 290 determina a indissolubilidade do sacerdócio quando diz: "Após ter sido recebida validamente a ordenação, ela jamais poderá ser invalidada". Portanto, para os cristãos, esta lei confirma que os sacramentos dados aos fiéis pelos padres casados são tão válidos como os dos celibatários.
O celibato obrigatório é uma lei feita pelo homem medieval que tem trazido enormes problemas, com relação ao sexo, para as igrejas católicas no mundo todo. O corajoso bispo Ulrich de Ímola agumentou que a igreja não tinha o direito de proibir o casamento dos padres e aconselhou os bispos a não abandonarem suas famílias. Ele disse: "Quando o celibato  é imposto, os padres cometem pecados muito maiores do que fornicação". O grande número de prisões de padres envolvidos em má conduta sexual, principalmente a pedofilia, tem comprovado o quanto ele estava certo.  As evidências criminais comprovam que o celibato obrigatório está diretamente ligado aos diversos abusos sexuais cometidos pelos padres.
As saudáveis origens da família, do amor entre homem e mulher, pregado por Cristo, foram desperdiçados com a supressão do sacerdócio casado, principalmente com a desvalorização das mulheres pela igreja.
O recente Papa João Paulo II declarou que o celibato não é essencial ao acerdócio. O movimento começa a ganhar espaço entre os fiéis mais conscientes, e algumas mudanças na igreja têm acontecido atravês de iniciativas do povo.
Com a queda do Império Romano, a Igreja Católica Cristã cresceu muito em poder econômico e político, tornando-se uma poderosa organização milenar que congrega fiéis em todo o mundo. Mas, em pleno século XXI, ela não poderá continuar parada no tempo medieval, sob pena de ver seu poder minguar. A escassez de padres celibatários está causando o fechamento de paróquias e ameaçando a disponibilidade de missas e outros sacramentos, que são atividades essenciais da comunidade cristã. Os estudos feitos sobre o assunto, inclusive pela própria Igreja, sobre essa crise - falta de padres ativos - vai piorar nos próximos anos. A maioria dos atuais padres celibatários é idosa e não tem condições de atender ao crescente número de católicos e, portanto, está em  estado de emergência.
O sexo é uma necessidade biológica e um instinto natural de todos os seres vivos. O homem moderno evoluiu muito, mas seus hormônios continuam na era ancestral.
Nicéas Romeo Zanchett
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sexta-feira, 24 de junho de 2011

A VIDA DE WILLIAN SHAKESPEARE

                 A VIDA DE WILLIAN SHAKESPEARE 
No dia 23 de abril de 1564, Mary Arden, espôsa de John Shakespeare, em sua casa na Rua Hanley, deu à luz a um menino. Três dias depois foi batizado pelo pároco local com o nome de Willian Shakespeare. Se pai, Luveiro por profissão e participante do Conselho dos Comuns - uma espécie de vereador - era um dos homens mais importantes da cidade.  Durante toda a vida teve o sonho de ganhar o brasão nobiliário, que mais tarde viria a ser conseguido pelo ilustre filho. Tratava-se de um escudo com "um falcão que brande uma lança" (quebra-lanças) com uma legenda em Francês onde se lia: "Non sans droit" (não sem direito). Na Inglaterra elizabetana a concessão de títulos da nobreza a burgueses era fato comum. A aristocracia de sangue que cedia lugar à aristocracia do dinheiro. 
Seu pai, john Shakespeare, gozava de excelente situação financeira e aos sete anos de idade Willian foi à escola onde aprendeu latim, grego e inglês vulgar. Era um tempo de grandes conflitos religiosos e Willian teve a oportunidade de ler as diversas versões da Bíblia, as novelas italianas e poemas franceses que já cirulavam traduzidos por toda a inglaterra.  Interessava-se também pelas crônicas que narravam a história do seu país. 
Aconteceu uma crise financeira familiar e aos dezoito anos teve de abandonar a escola para trabalhar e ajudar a família no sustento.  O pai endividado, teve de vender uma propriedade da família e acabou sendo definitivamente afastado do cargo que ocupava como supremo magistrado local, com funções policiais e judiciárias. 
Entre muitos ofícios, aprendeu a lidar com o esquartejamento de bois e abatimento de carneiros para os açougues locais. Mudando constantemente de profissão, chega à maioridade sem muitas perspectivas. 
Seguindo o exemplo do pai, decide-se casar com uma mulher rica que poderia ser a solução para seus apertos financeiros. Em novembro de 1582, na Igreja da Santíssima Trindade de Stratford-on-Avon, o pároco local celebra sua união matrimonial com Anne Hathaway, filha de um rico agricultor, oito anos mais velha. Após o casamento, seguindo a tradição, vão morar na casa dos pais de Willian. Anne já estava grávida e seis meses depois nasce a primeira filha que recebeu o nome de Susan. Em janeiro de 1585 nasce o casal de gêmeos, Judith e Hamnet. 
Chega aos vinte anos, com mulher e três filhos e, embora tenha experimentado os mais diversos ofícios, sem uma profissão definida.
Willian ouve maravilhosas histórias, contadas por viajantes, sobre Londres. Sonha deixar a terra natal e ir à busca de novos horizontes na capital, onde poderia vislumbrar fama e fortuna. A viagem seria longa e perigosa. Duraria três dias e corria-se o perigo de ser atacado por salteadores nas florestas fechadas. Os criminosos eram cruéis que saltavam sobre os viajantes para cortar-lhes a garganta e levar jóias e dinheiro. Mas nada intimidava o confiante jovem Shakespeare. Depois de muito refletir, abandonou mulher e filhos e partiu cheio de esperanças e sonhos. 
Em Londres, perambulou pela cidade até acabar com todo o dinheiro que havia trazido.  Precisando de um emprego para sustentar-se, aceitou ganhar a vida tomando conta de cavalos dos ricos londrinos que freqüentavam o Theatre de James Burbage. Dessa forma ganharia algum dinheiro e estaria perto do ambiente teatral. De certa maneira, acabou por conseguir seu sonhado lugar nesse mundo de fantasia que tanto o fascinava. 
Burbage era uma figura de grande prestígio no ambiente teatral e literário de Londres. Ator principal, diretor e proprietário de uma das maiores companhias londrinas que em 1576 levantaria o primeiro teatro - o Theatre - construido na inglaterra especialmente para esse fim.
No final do século XVI, a capital inglesa já tinha quatro ou cinco casas de espetáculos, todas construidas a partir do Theatre de Burbage que fora inspirado nas estalagens onde, até então, era o local de apresentação das peças teatrais. 
As estalagens eram retangulares e tinham um pátio no centro para o qual davam os corredores abertos dos andares superiores que serviam como galerias para os espectadores. Uma parte do pátio servia como palco e o restate era ocupado por espectadores que ficavam em pé. Mesmo durante as apresentações, não deixavam de cumprir suas funções; criados e hospedes atravessavam livremente o pátio, às vezes parando para olhar e até interagir trocando improvisadas frases com os atores.  Foi essa estrutura que inspirou Burbage  para construir seu primeiro teatro que, no entanto, teve uma forma arredondada, semelhante  a uma praça. 
Nese ambiente Shakespeare passava seus dias assistindo a todas as peças e aprendendo tudo sobre o teatro. Depois de muito insistir com Burbage conseguiu uma oportunidade para atuar como ator. Saiu-se bem e acabou sendo contratado pelo diretor do Theatre de quem, com o tempo, passou a ser grande amigo e colaborador. 
Depois da ascensão de Elizabeth ao trono, o teatro começou a crescer e tornar-se cada vez mais popular; a maioria das companhias teatrais passaram a ter estabilidade financeira. Pelas ordens reais elas podriam fazer turnês pelo interior da Inglaterra, mas deveriam ter a proteção de algum nobre. A partir de então os atores se converteram em "homens do Conde de Pembroke", cômicos do Conde de Leiscester" e assim por diante. James Burbage, que já empregava Shakespeare, estava sob a proteção de Pembroke. Foi nesse momento favorável que Willian, estando em Londres, aproveitou a oportunidade e mostrou seu talento. 
A Inglaterra havia derrotado a poderosa esquadra espanhola em 1588 e, naquele momento, dominava os mares e caminhava a passos largos para o prosperidade.  Surgiram então as grandes companhias comerciais que, com apoio da Coroa, possibilitavam a criação de um grande império para a Inglaterra. Os veleiros britânicos cruzavam os mares transportando mercadorias da América e da África. Nessas viagens traziam também ratos e pulgas contaminados pela peste negra. Essa epidemia acabou por prejudicar enormemente o teatro inglês. 
Durante o período da peste que, na idade média, assolou a Europa, o teatro sofrera perseguição. As companhias eram compostas de gente malvista. As apresentações eram feitas de forma improvisada nas praças, em pátios de estalagens ou, algumas vezes, nos salões de algum nobre um pouco  mais extravagante. Como conseqüência os teatros eram vistos como local para proliferação da peste negra. A cada surto de epidemia, os lugares públicos eram fechados, entre eles os teatros. Os puritanos, que sempre foram contra as apresentações teatrais, diziam que a causa da peste era o pecado e que o teatro era o local do pecado e, portanto, seria o principal disseminador da peste negra.  Como conseqüência muitas companhias faliram, outras simplesmente fecharam as portas e as mais persistentes deixaram Londres em direção às províncias. 
As dificuldades acabaram criando novas oportunidades para escritores. Para fazer caixa (dinheiro) as companhias vendiam parte dos seus repertórios aos livreiros impressores que, naquele momento, tinham mercado garantido com um crescente público leitor. Dessa forma, obras antes mantidas em livretos e na memória dos atores, passaram a ser impressas e vendidas ao público leitor. Até então os autores vendiam suas obras às companhias que com isso eram também donas dos direitos autorais. Agora, obrigados a rápidas renovações de repertório, os donos das companhias limitavam-se a por em cena novas versões de velhos textos, muitas vezes escritos por eles mesmos ou por atores que tinham talento para escrever. Era chegada a grande chance de Shakespeare. Ele, que não teve oportunidade de estudar, mas que tinha grande talento para escrever, passou a ser requisitado continuamente e torna-se muito importante para Burbage. Não só como ator, mas como fundidor de antigos textos, tem seu tempo todo tomado. A nova atividade dava-lhe finalmente a grande oportunidade de conhecer os meandros da literatura. Este trabalho torna-se uma paixão que se sobrepõe a todos os outros interesses. Não se limita apenas a reescrever, mas, para glória do universo literário,  passa a criar novas obras, algumas das quais estão no topo da literatura mundial. 
A Inglaterra vive um momento de efervecência cultural, onde poetas e draumaturgos tornam-se conhecidos e disputam a fama.
Em 1591, Shakespeare cria seu drana histórico Henrique V. Entre 1592 e 1594, Ricardo II, o poemeto Vênus e Adônis, A Megera Domada, Tito Andrônico, A Comédia de Eros e o poemeto A Violação de Lucrécia. Marca-se então o início de uma nobre produção literária, onde surgirão verdadeiras obras-primas da literatura dramática.
Terminada a fase aguda da peste, que dizimou dez por cento da população de Londres, os teatros são reabertos e as companhias reestruturadas. A companhia de Burbage, então sob a proteção de Henry Carey - Lorde Chambelan - primo da rainha, volta a atuar no Theatre. Com esse apoio importante, a posição dos atores melhorou junto à Corte e passaram a atuar para a própria rainha Elizabeth. A peça "Penas de Amor Perdido", em que Shakespeare narra um elegante jogo amoroso entre o rei de Navarra e a filha do rei de França, é a favorita da rainha. 
Com o acesso à Corte, Shakespeare tem a oportunidade de conhecer o mundo da política e da realeza, com suas intrigas e traições, pelo qual sempre sentira grande interesse. A partir dessa experiência passa a descrever os problemas surgidos do poder. Estuda as relações que ligam a realeza com seu povo e sua própria consciência. Dessas observações nasce a intensa dramaticidade de muitos dos seus personagens. É um momento mágico em sua vida. Seu grande prestígio na Corte lhe garante ganho de muito dinheiro. Uma vez por ano vai visitar a família em Stratford-on-Avon, onde sua esposa pacientemente o espera. Na verdade só ficou mais tempo por lá quando a peste estava no auge em Londres. 
No final do século XVI, na Irlanda, deu-se uma grande rebelião contra a Coroa. Para esmagá-la foi enviado, na condição de vice-rei, o Conde Essex, favorito da rainha e grande amigo de Shakespeare que o ajudou conseguir o título de nobre com o brasão nobiliário, tão sonhado pelo seu pai. Para celebrar sua partida, Shakespeare escreve Henrique V, ressoante poema de glória nacional, homenageando por antecipação a glória do Conde Essex como um jovem rei vencedor de todas as batalhas: "Quando o general de nossa grandiosa imperatriz retornar da Irlanda, trazendo a rebelião enfiada na ponta de sua espada..." Mas esse dia não chegaria nunca. Robert Devereaux, Conde de Essex, fracassou vindo a morrer em 1601. 
Após a morte do amigo, abre-se para Shakespeare o que ficou conhecido como "período triste". O tom jocoso de suas peças cede lugar a uma visão pessimista da vida. Passou a ver o mundo como uma máquina sinistra que esmaga brutalmente o homem em suas engrenagens. A partir de então deixa de lado as comédias - como As Alegres Comadres de Windsor-, e passa a criar dramas mais sóbrios como: Hamlet, Trio e Créssida, Otelo, O Rei Lear, Timão de Atenas, MacBeth.  Foi em Macbeth com a frase: "A vida não é mais do que uma sombra que caminha, um pobre comediante que se pavoneia e se agita sobre a cena do mundo (...), uma fábula contada por um idiota, cheia de rumor e de furor, e que nada significa" Foi nessa fase que Shakespeare aprofundou a psicologia de seus personagens. Através deles, manifesta compaixão pelo homem comum, porque considera que ele deve fazer tremendos esforços para salvar-se da destruição, e julga que os germes do aniquilamento estão presentes em cada pessoa, prontos a aparecerem  assim que as circunstâncias o permitam. 
Os últimos anos do século XVI foram especialmente férteis. Entre 1595 e 1596, Shakespeare escreve Ricardo II, e duas peças cheias de lirismo: Sonho de Uma Noite de Verão e Romeo e Julieta. Entre 1598 e 1601 escreve Vida e Morte do Rei João, O Mercador de Veneza, Henrique V, Júlio César, Como Quereis, Muito Barulho por Nada e A Noite de Reis. 
Para apresentar sua visão do drama da condição humana, leva todos os seus personagens rumo a uma inevitável catástrofe. Isso fica bem evidente em Hamlet. "Ser ou não ser, eis a questão: erá mais digno suportar a violência e o destino adverso, ou pegar em armas contra todas as dificuldades, contestá-las e destruí-las?"
"Morrer, dormir, nada mais. Dizer que num sono damos fim à angústia e aos milhares de conflitos com que nascemos! É uma soberana solução, muito de se querer. Morrer, dormir... Dormir?  E talvez sonhar... Ah, aí é que está! Que sonhos poderão vir no sono da morte, quando tivermos terminado o tumulto desta vida?  Isso é que nos faz refletir. E é essa reflexão que prolonga esta calamidade." "pois quem sofreria os açoites e os escárnios da época, a má-fé do opressor, a afronta dos orgulhosos, a tortura do amor desprezado, as dilações da justiça, a insolência oficial, os coices dos inúteis na paciência dos valorosos - quando poderia por si mesmo alcançar a paz, com um simples estilete? Quem suportaria todo este mal, suando e gemendo nesta vida fatigante, se não fosse o pavor de alguma coisa depois da morte, esse país desconhecido de onde viajante algum retorna?  É isso que embaralha a nossa vontade e nos faz preferir os males que temos ao nos lançar ao que desconhecemos." "E, assim, a reflexão nos transforma em covardes; e, assim, a cor saudável da decisão empalidece sob a capa da prudência; e, assim, projetos importantes e oportunos mudam seu rumo, e de ação nem o nome podem ter". 
Em 1603, com a morte de Elizabet I, depois de 45 anos de reinado, sobe ao poder Jaime VI da escócia, filho de Maria Stuart, assumindo com o nome de Jaime I. O novo soberano tem saúde instável e caráter tímido e pedante. Mas, tanto quanto sua sucessora, ama festas com espetáculos teatrais. Já no décimo quinto dia de governo nomeia a companhia de Burbage e shakespeare, agora sócios, como "king's Men" (homens do Rei). Eles passam a ser mimados por toda a côrte e as festas se sucedem em grande esplendor. Neste ambiente palaciano, Shakespeare prossegue sua carreira com grande êxito e ótima situação financeira. Transforma-se então na figura glamurosa do contry-gentleman, o fidalgo do campo, onde vive confortavelmente com suas inumeras rendas. Em Stratford-on-Avon, possui uma belíssima e grandiosa casa, além de outras propriedades recentemente adquiridas.  Co-proprietário do Teatro Globo, decide participar com outros sócios na construção do teatro Blackfriars, uma nova casa destinada a um público mais restrito e sofisticado.
Em 1610, Willian Shakespeare se desliga definitivamente da direção de empresas teatrais, retirando-se para sua residência em Stratford. Com 46 anos de idade, dos quais cerca de 30 dedicados ao trabalho, sente-se cansado e só vai esporadicamente a Londres a negócios. 
levando uma vida tranqüila e confortável em Stratford, volta com todo o empenho a produzir novas obras. Ente elas: Cimbelino, Conto de Inverno e A Tempestade (uma refundição de Henrique VIII). Esta última se encenaria no Teatro Globo, contendo uma exaltação póstuma a Elizabeth I. "Em seu reino, cada homem comerá tranqüilo à sombra das vinhas que ele próprio plantou, e entoará cantos de paz a seus vizinhos". 
Seus dias transcorrem serenos e felizes, mas em 1613 chega a notícia de que, durante uma apresentação de Henrique VIII, o Teatro Globo incendiou-se e fora todo destruído. 
Mais tarde, o Teatro seria reconstruído com a participação de Shakespeare, mas ele vivia distante e nunca chegou a conhecer a nova casa de espetáculos. 
Em 1616, Willian Shakespeare, já doente e recolhido ao leito, recebe a visita de dois grandes amigos de Londres, Bem Jonson e Michael Drayton. Comemoraram o encontro, relembrando os velhos tempos, com muito vinho e farta alimentação. A partir desse dia sua saúde piorou consideravelmente sendo acometido por estranha febre que não cedia. 
Pressentindo seu fim pelo agravamento da doença, fizera seu testamento nomeando como herdeiros universais sua filha Susan e o jovem com quem ela se casara no início de 1616. À Judith, filha remanescente, deixou um legado. Aos pobres da paróquia, 10 libras; aos colegas Bubage, Heming e Condell, 1 libra e meia a cada um; aos parentes, amigos e vizinhos, seus diversos objetos pessoais. Qundo já havia encerrado o testamento, lembrou-se da esposa Anne; e, entre duas linhas, inseriu uma frase para "deixar-lhe meu segundo e melhor leito e os moveis".
Certa vez Shakespeare colocou nos lábios de um personagm moribundo a frase: "Neste mesmo dia  em que eu exalei meu primeiro alento, agora a roda do tempo me leva. Onde comecei termino".
No dia de seu aniversário em 23 de abril de 1616 morre Willian Shakespeare. Foi sepultado na Igreja da Santíssima Trindade de Stratford-on-Avon no dia 26 daquele mês. Na lápide não consta seu nome, figurando apenas a frase: "Bom amigo, por amor de Cristo abstem-te de remover o pó aqui encerrado. Bedito seja o que respeitar estas pedras, maldito aquele que perturbar estes ossos."
No século XIX surgiu uma polêmica de que Shakespeare seria apenas um pseudônimo sob o qual se escondia o grande filósofo Francis Bacon, contemporâneo do dramaturgo. 
Os baconianos sustentam que Shakepeare não poderia ter escrito uma obra tão grandiosa, pois era inculto e um simples enpregado de açougues. Havia crescido num meio ignorante e totalmente fora do cabedal cultural que entra na criação de suas histórias. Entretanto, Shakespeare não era totalmente inculto. Trata-se de um autêntico autodidata que, por si mesmo, desenvolveu conhecimento no dia a dia do teatro e da vida na Corte que conheceu profundamente.
Na verdade existem muitos casos na literatura em que homens de pouco cultivo produziram obras geniais. Temos um exemplo bem marcante que é o Miguel de Cervantes com "Don Quixote de La mancha". Era um homem rude e mediocre que nunca freqüentou colégios. Aos 58 anos desabrochou e criou uma das dez mais importantes obras da literatura mundial. 
Para criar, a inspiração é muito mais importante do que a educação. Além disso, as obras de Shakespeare contém muitos enganos que Bacon nunca teria cometido.
Shakespeare, cuja inspiração era maior que seus conhecimentos, era um poeta e Francis Bacon um erudito que jamais poderia alcançar as culminancias poéticas de Shakepeare. Um homem cujo pensamento era tudo precisão e nunca se elevaria nas loucas asas da fantasia.
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/