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quinta-feira, 7 de abril de 2011

MOZART - O PEQUENO GRANDE GÊNIO DA MÚSICA





            MOZART - O PEQUENO GRANDE GÊNIO DA MÚSICA
Muitas vezes o presente escolhe o passado. Foi assim com a música do grande gênio Mozart. Dêle herdamos o passado triunfal, romântico  e celestial. Sua arte justifica nosso romantismo exacerbado. 
Aos quatro anos, o pequeno Wolfgang já queria compor. Aos seis começou a excursionar pela Europa com o pai e a irmã (bem menos virtuosa). Partindo de Salzburgo, sua cidade natal, os Mozart foram a Munique e, de volta a Salzburgo passaram por Viena, onde se apresentaram para o imperador. Nessa época  sua música demonstrava forte influência do, hoje desconhecido, Johann Schober. 
No ano seguinte, em junho de 1763, Mozart iniciou uma fulgurante turnê européia e, após tocar em Bruchelas e no Palácio de Varsailles, em Paris, chegou a Londres em abril de 1764, onde conheceu  Johann Christian Bach, filho mais novo de Johann Sebastian. 
A nova amizade com Johann Christian foi muito impactante e exerceu grande influência em sua música.  Foi na obra do amigo que Mozart, com nove anos, encontrou a vertente que, a partir de então, iria nortear toda a sua obra. Ainda em Londres compôs sua primeira sinfonia -repleta de galanteria- classificada como Opus 16-A.  Esta sinfonia desconhecida até 1981, quando foi descoberta num sótão da Prefeitura de Odense, na Dinamarca - deu início a uma das mais sublimes produções do gênio humano. A partir de então o habilidoso, genial e precoce compositor encontrou, definitivamente, o tom ideal da linguagem com que iria se expressar. O mundo estava atônito ante o jovem prodígio, mas não fazia a menor idéia do que viria a seguir. 
Diante de tanto talento, assim se expressou Franz Joseph Haydn ao pai Leopold Mozart: "Alcançar o céu é coisa maravilhosa e sublime; mas também na Terra há coisas incomparavelmente belas". E continuou dizendo: "Diante de Deus, e como homem honesto, afirmo que seu filho é o maior compositor que conheci pessoalmente ou por nome. Ele tem gosto e, o que é melhor, o mais profundo conhecimento de composição". 
De volta a Salzburgo, o velho Leopoldo Mozart aprofundou os estudos, procurando contemporizar o aprendizado do filho com as novidades vistas durante as duas primeira viagens. Mas, como diz Kassner, "o caminho que conduz à intimidade e à grandeza passa pelo sacrifício", e Mozart não seria exceção. Aos 11 anos, e de volta a Viena, Wolfgang entrou em contato, pela primeira vez, com a mesquinhez humana, sofrendo difamações que sugeriam não ser ele, e sim o pai, o autor de suas composições. 
A cada dia suas obras se tornavam ainda mais perfeitas, imbuídas de um sopro divino e de uma profundidade temática incompatível com a sua pouca idade. Foi então submetido a rigorosos testes pelos músicos da corte e se saiu muito bem. Mesmo assim, seus invejosos caluniadores não se conformaram. 
Em 1769, com apenas 14 anos e idade, Mozart empreendeu mais uma viagem que lhe renderia preciosa experiência. Deixando Salzburgo, foi á Itália, apresentando-se em Verona, Mântua, Milão, Bolonha, Florença, Nápoles e Roma, onde foi ouvido pelo papa. Novamente foi alvo de admiração e desconfiança, tendo de provar mais uma vez seu talento. Cercado por uma junta de músicos italianos, Mozart compõe em tantos estilos quantos lhe são encomendados. Diferentemente do que ocorreu em Viena, uma vez provada a sua competência, os mestres italianos se maravilharam com o jovem prodígio. Em 1770, Mozart estríeia no Scala de Milão sua primeira ópera, "Mitridade", "Re di ponto", feita por encomenda e essencialmente latina.  Tudo ficou tão perfeito que até poderia ser confundida com obra de algum grande compositor italiano da época. A partir de então a música italiana exerce profunda influência em sua obra.
É muito comum atribuir a Mozart a imagem de um homem infantil e de vida desregrada e fútil. Gastava despropositadamente, bebia, jogava e possuia uma vida sexual ativa e estravagante. Parecia saber que morreria cedo com a certeza de que da vida nada se leva, mas nela se pode deixar muitas coisas. 
Muitos biógrafos costumam, nas entrelinhas, cobrar do gênio uma atitude mais correta. Mas, se tivermos um pouco de bom senso, comprenderemos que Mozart nada deve à humandade. Ao contrário, nós é que devemos muito a ele.
Sua vida foi construída com muitas virtudes, entre elas a incansável dedicação ao trabalho. Entre quase oitenta obras, estão os sons mais belos já criados na face da terra. Ele conseguiu compor em todas as mídias da época. Certamente ficaria surpreso ao saber que hoje, passados mais de trezentos anos, sua música ainda está sendo ouvida com crescente entusiasmo. O tempo não apaga a música divina composta para deuses e também para simples mortais. Música para a vida, para o amor, para a alegria e para a tristeza da morte. Mozart não foi um transformador da música, como muitos pensam, mas sim glorificador da arte musical. Ele tomou a música do seu tempo e elevou-a a um grau de perfeição absoluta, preenchida de alegria, espontaneidade e graça celestiais. 
Com sua rebeldia espontânea e quase infantil, ele não foi um revolucionário no sentido estrito da palavra.  Como afirmou Beethovem, "a música diz mais que a filosofia". E é por aí que devemos medir o angajamento político da obra de Mozart. Na verdade a sua revolução se deu a nível estético e conceitual, fruto de sua extrema sensibilidade e da universalidade dos sons por ele criados. 
Qundo opovo aplaudia Mozart ao final de cada função de "A Flauta Mágca" estava, de fato, aplaudindo o triunfo dos ideias da Revolução Francesa e não apenas o gênio perfeccionista. Precisamos ver sua alienação política como expressão de uma transformação social através da música. 
Curiosamente a vida de Mozart fez ocaminho inverso da maioria dos artistas. Conheceu a glória e consagração muito cedo, aplaudido por papas e imperadores. Mas, talvez, por capricho dos deuses, começou a transformar-se em tragédia. Passou a conviver com a mais objeta mediocridade, e a merecer de seus contemporâneos a indiferença, o escárnio e um ódio que não se pode endender e nem explicar.
Vivendo em Viena, longe da proteção paterna, o pequeno semideus foi jogado às feras. Muito jóvem, sem experiência para a vida, foi obrigado a defender-se numa corte corrupta, vivendo diariamente com sentimentos mesquinhos que não conseguia compreender. Suas obras eram freqüentemente boicotadas. As "Bodas de Fígaro" foi ao palco apenas nove vezes.  "Dom Giovane" apenas cinco. Enquanto isso, os queridinhos da corte, compositores medíocres que hoje nem mais lembramos os nomes, tinham suas mediocridades exibidas em centenas de funções. 
A morte deMozart ocupa um capítulo muito polêmico. Sabe-se que morreu envenenado, mais muitos  ainda duvidam dessa versão. Alguns historiadores costumam atribuir sua morte ora ao a discípulo Sussmayer -pretensamente amante de sua mulher Constanze-, ora a Antonio Salieri, considrado um dos maiores rivais de Mozart na côrte vienense. Este chegou a confessar, mas persiste a dúvida porque na ocasião já estava internado em um hospício. 
Diante de tantas polêmicas e dúvidas podemos afirmar que, na verdade, Mozart morreu envenenado pela inveja  mesquinharia de seus contemporâneos. 
Em relação à sua saúde física não há dúvidas de que estava mesmo muito doente. Sofria de infecções do aparelho respiratório, lesões corporais, amigdalite, toxemia grave, pneumonia, febre tifóide, reumatismo, febre reumática, varíola, abscesso dental, bronquite, icterícia, infecções virais e, de acordo com cada biógrafo, outras tantas doenças orgânicas. Seu estado psicológico e baixa imunização, levaram o grande gênio divinal a uma situação lastimável. Era um anjo vivendo no inferno. 
Muito se critica sua mulher Constanze chamando-a de adúltera e frívola, além de muitas calúnias nunca provadas. Mas ela tinha suas qualidades. Foi ótima companheira, tanto em casa como nas farras que faziam juntos, além de gerenciar, a seu modo, os afazeres domésticos. 
A morte de Mozart ocorreu no auge de sua maturidade artística. Três anos antes, no espaço de algumas semanas, compos as sinfonias 39, 40, chamadas de aquaticas (nome dado por ter sido executadas em um palco flutuante sobre o Rio Danúbio) e 41, conhecida como Júpter pela grandiosidade. 
Mesmo com tantos problemas, no ano de sua morte, conheceu o triunfo de sua ópera "A Flauta Mágica"  exibida para o povo simples de Viena que aplaudiu soberbamente. 
A história de  sua última obra "Requiem", inacabada, é cercada de lenda e mistério. É certamente uma das obras mais sublimes do gênio humano. Conta-se que teria sido encomendada por um senhor mascarado que bateu em sua porta numa noite de inverno. Mozart ficou muito impressionado com aquela encomenda, acreditando que era o mensageiro da morte e lançou-se incansavelmente ao trabalho. Na verdade tratava-se do emissário de um nobre excêntrico que costumava encomendar peças a grandes compositores para executá-las como se fossem de sua autoria. 
Pouco antes de morrer, já completamente surdo, Mozart disse a Constanze: Não sei descrever o que sinto"; uma sensação de vazio que me magoa horrivelmente; uma espécie de ansiedade constante, e que aumenta a cada dia". Era a morte lenta, do anjo envenenado, que agora batia à sua porta. 
Morreu aos 35 anos no dia 5 de dezembro de 1791. Foi enterrado em uma vala comum, junto com 14 mendigos e dois suicidas. Chovia e nevava muito. Os poucos amigos e parentes que compareceram à igreja não quizeram acompanhar seu corpo até o cemitério. 
Mais tarde, Constanze voltou a São Marx à procura do  jazigo do marido, mas o coveiro que fizera o enterro havia morrido e ninguém mais sabia dar informações. 
Até hoje não se sabe onde se encontra o corpo do anjo que subiu ao céu deixando na terra a eterna sublimidade de sua obra que tanto amamos. O pequeno Mozart morreu e nos legou um gigantesco e sublime trabalho que sempre o manterá entre nós.
Nicéas Romeo Zanchett

 

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