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quarta-feira, 9 de março de 2011

HISTÓRIA DE NAPOLEÃO BONAPARTE CONTADA POR ELE MESMO.

Após ter sido derrotado na Batalha de Waterloo pelos ingleses, Napoleão Bonaparte foi enviado para o exílio na Ilha de Santa Helena. Lá viveu seus últimos dias, falecendo em 5 de maio de 1821.
Alojado numa pequena casa, passava os dias resmungando e dando ordens a um punhado de serviçais. Ficava muito satisfeito quando recebia a visita de algum estranho naquela isolada ilha e então começava a contar-lhes sua história:
"Deveis saber, - começa ele, - que não sou italiano, mas francês, pois nasci na Córsega, um ano depois que ela foi tomada pela França.
Na escola fui um dos alunos mais obscuros. Mas me dintingüí sempre como bom combatente. Rapazinho ainda, ajudei o exército da República no cêrco de Toulon.  Era amigo do irmão de Robespierre, e, em conseqüência disto, quase perco a cabeça na guilhotina. Mas consegui escapar porque era filho do destino.
Quando executaram Robespierre, eu me achava na praça pública e dirigi a defesa do novo governo contra a multidão. Por êste serviço, como sabeis, deram-me o comando do exército enviado contra a Itália. Todas as nações da Europa estavam lutando desesperadamente para derrubar a Revolução Francesa e era minha ardente ambição salvar a Revolução Francesa, derrubando todas as outras nações.
Estais, sem dúvida, ao corrente dos meus rápidos e completos êxitos nessa empresa.  Não somente salvei a Revolução, mas construí um império. Saí duma família  pobre. Minha mãe era costureira. Fiz dela uma rainda. Minha mãe sentia-se atarantada com seu novo esplendor. Olhava para mim com seus olhos empapuçados, e rogava que  a mandasse de novo para sua casinha da Córsega."
Napoleão faz uma pausa e sorri.
"Eramos uma família de adventícios, -continua ele. - Contudo, fui capaz de derrubar de seus tronos as mais velhas e mais orgulhosas dinastias e substituí-las pelos membros de minha família. Tornei reis a todos os meus irmãos.
Eu era um grande homem, - diz ele, tristemente. - um grande homem. - Seus olhos chispam.  - Porque, já o sabeis, dentro de dez curtos anos fui senhor de toda a Europa.
Numa única batalha  derrotei os exércitos da Áustria e da Prússia, tão completamente, que muito tempo se passou antes que eles ousassem erguer novamente suas cabeças. O exército prussiano tinha sido o terror da Europa, uma máquina militar que jamais se pudera destruir. Eu a desmontei.
Desde minha infância conheci que era um homem predestinado. Costumava assinar minhas lições caseiras com N maiúsculo. Em 1796, era um jovem oficial do exército como milhares de outros. Oito anos mais tarde era coroado Imperador. Encarreguei juristas de organizarem um novo código de leis. Construí universidades. Embelezei os parques e ruas. Tive o universo na palma da minha mão.
Encontrei-me com o Czar da Rússia, numa balsa  em Tilsit e junto discutimos a partilha do mundo entre nós.
Mas eu não havia nascido para o trono. Sabia que enquanto eu ganhasse vitórias, seria Imperador; mas desde que perdesse uma batalha, seria dominado. Os que tem sangue real nas veias podem ser derrotados vinte vezes e voltar a governar. Mas eu era um adventício, um usurpador, um soldado cujo império dependia duma lenda e duma espada. E dessa forma não podia ter paz. Tinha de combater, combater, combater. Não podia descansar, não podia amar. Meu irmão Jerônimo estava no trono da Vestfália; meu irmão Luiz no trono da Holanda; meu irmão José no trono de Nápoles e da Espanha. Mas suas dinastias achavam-se construídas sôbre o meu nome. Os príncipes reais da Europa estavam agachados... prontos para saltar. Com que então, aquele adventício, aquele camponês corso, ousava usurpar a pompa dos velhos reis tradicionais?
Mas a despeito de seus escárneos e de seus esforços para derrubar-me, continuei meu caminho sem me desviar. Casei-me com uma princesa austríaca, de modo que um filho meu pudesse ter nas veias sangue real.
Meu Deus, como desejava eu ser um rei de verdade, respeitado entre meus iguais... e não um conquistador... deixado em severo abandono!
Finalmente meu amigo, Alexandre da Rússia, rompeu a trégua e eu fiz marchar um exército desde París até o coração das geladas planícies da Moscóvia. Mas os Russos não quizeram combater. Conservaram-se em retirada, passo a passo. Alcancei Moscou, com meu grande exército de quinhentos mil homens, em outubro do ano de 1812. A cidade estava deserta. Eis a minha  maior conquista, pensei. Eu era então o senhor da Rússia, também!  Mas os astutos russos desmancharam os meus mais sólidos planos. Puseram fogo em Moscou e nos expulsaram com a fumaçada. E vimo-nos forçados a começar a retirada da Rússia, no mais rigoroso inverno. Basta dizer que cheguei à fronteira da França com apenas mil homens, embora tivesse partido com meio milhão.
E então os insaciáveis reis  da Europa levantaram-se contra mim. Podiam ver na minha derrota na Rússia a mão de Deus. Formei novo exército de meio milhão de soldados. Mas uma inteira geração de homens tinha sido destruída e me vi forçado a convocar rapazes de quinze e dezesseis anos. A Prússia e a Rússia adiantaran-se  a meu encontro. Durante três dias as águas do Elster correram tintas de sangue moço... e depois fui obrigado a voltar a París para entregar-me.
Exilaram-me na ilha de Elba. Fugí. Saltei em terra, em Cannes. O marechal, enviado pelo rei Bourbon restaurado no trono, para prender-me, desatou a chorar  quando me avistou e passou-se com toda a sua tropa para o meu lado.
E depois perdi a batalha de Waterloo, e eles me enviaram para aquí. Fizeram voltar um homem de sangue real e o puseram em meu lugar."
Sua voz baixa a um triste murmúrio: "- Para ser um rei, ficai sabendo, é preciso ter nascido rei. Eu fui um grande conquistador. Pensei que era um homem predestinado. Mas meu destino nunca fora o trono. Esta foi a minha tragédia".
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No dia 5 de maio de 1821 uma forte tempestade assolou a ilha de Santa Helena. Napoleão, muito doente, viveu seus ultimos minutos ao lado do médico enviado para assistí-lo.
Existem muitas controvérsias sobre a causa de sua morte. Segundo o médico Francesco Antommarchi, que o assistiu,  teria morrido pelo agravamento de uma úlcera provocada pela ansiedade e pela má dieta alimentar. Fala-se também que teria morrido de câncer no estômado, mas outros afirmam que foi assassinado.
Existe uma lenda que diz que Napoleão foi enterrado sem o pênis que teria sido amputado e guardado como relíquia pelo médio que o assistiu na hora da morte. Conta-se também que depois de 170 anos a relíquia teria sido levada para os Estados Unidos e guardada  em poder de um professor de urologia da Universidade de Colúmbia chamado John Lattimer.
É bem provável que a amputação tenha sido feita pelo médico, mas até hoje nada ficou provado.
Nicéas Romeo Zanchett

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